Bicicleta como meio de transporte
Estamos na semana da mobilidade urbana (16 a 22/09/2012). Por essa razão, aproveito para contar nossas experiências a esse respeito.
O Comitê de Gestão Socioambiental da empresa onde trabalhamos desenvolveu o programa de Mobilidade Sustentável (MOB) , criado por Portaria que institui projeto para a construção de infra-estrutura com vestiários, armário e espaço para estacionamento de bicicleta.
Em maio/12, dando início às ações previstas na portaria, o programa começou a disponibilizar chaves de 40 armários individuais em vestiários com chuveiros para uso dos colaboradores que utilizam a bicicleta para se deslocar até o trabalho.
Fabiano Sobreira, um dos coordenadores do MOB, destaca que “o programa não só oferece infraestrutura adequada àqueles que utilizam a bicicleta como também contribui para a mobilidade sustentável na cidade, estimulando a locomoção de maneira menos poluente e mais saudável”. Segundo Sobreira, a intenção agora é “investir na consolidação e ampliação do programa, com a realização de campanhas internas e a busca de parcerias com outros órgãos para a implantação de ciclovias na cidade, entre outras iniciativas”.
A facilidade já mudou a rotina de alguns funcionários, como a do Eduardo, meu marido que, desde maio, passou a ir trabalhar de bicicleta, percorrendo, todas as manhãs, uma distância de 17,5 km em aproximadamente 45 minutos. “Eu já havia tentado iniciar essa rotina, mas o fato de ter que carregar todos os dias uma mochila com roupas, calçados e materiais de higiene acabou me desanimando. O armário me possibilita trazer tudo de uma vez só e já deixar organizado o que eu vou precisar durante a semana”, diz Eduardo. Para ele, a empresa está dando o exemplo e fazendo a diferença. “Iniciativas como essa têm suma importância para alavancar projetos sérios que visem à melhoria da mobilidade urbana. Assim como eu, creio que outros colegas ansiavam pela possibilidade de vir de bicicleta para o trabalho”, afirma.
Bem, eu nunca ansiei por ir trabalhar de bicicleta. Além disso, quando ele inventou essa moda fiquei super preocupada por causa do trânsito. Depois relaxei, porque ele é cuidadoso, sai bem cedo de casa e está mais feliz agora com o resultado do exercício diário.
O ânimo dele acabou me contagiando! Relutei um pouco, mas acabei pedindo um armário para mim e passei a ir junto com ele. Gente! A primeira vez foi bárbara! Eu achava que não ia dar conta! Mas fomos e voltamos de bike e senti-me muito bem! De outra vez, como estava muito quente, voltamos de metrô, já que no último vagão é permitido o transporte de bicicleta. E tem sido assim…
Minha intenção, por enquanto, é ir com o Eduardo pelo menos duas vezes por semana. Isso por causa de outros compromissos impeditivos, como cursos, consultas, supermercado, coisas do gênero.
Ao invés de ficar parado num congestionamento enorme, gastando combustível e perdendo a paciência, a gente começa a trabalhar depois de praticarmos um excelente exercício físico e o nosso dia já dia começa com outra energia, sem estresse. Estou amando!
No entanto, reconheço que a segurança do ciclista no trânsito é praticamente inexistente. Ainda há pouquíssimas ciclovias e a maioria dos motoristas desconhece o direito dos ciclistas de trafegar como um carro nos locais onde elas não existem e se irritam com a nossa presença.
Veja o que diz o Código de Trânsito Brasileiro nos arts. 58 e 59:
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores. Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde que dotado o trecho com ciclofaixa. Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios. |
Estamos assumindo um grande risco ao enfrentar as ruas, é verdade! Acreditamos que essa realidade só vai mudar com a compreensão de todos de que a cidade não é para carros, mas para pessoas, não importa o tipo de transporte que utilizam. Motoristas precisam aprender a dividir o espaço. Nós somos ciclistas, mas na maioria do tempo utilizamos carro ou moto e já mudamos nosso comportamento no trânsito e percebemos que a cada dia, motoristas e motociclistas respeitam mais o ciclista. Precisamos de campanhas educativas para conscientizar a todos da nova realidade mundial que é a mobilidade sustentável.
Sabemos que há demanda, pois na nossa empresa, os 40 armários inicialmente disponibilizados já foram ocupados e as solicitações continuam. Certamente isso incentiva a continuidade e ampliação das ações do Programa de Mobilidade Sustentável.
Além disso, a construção de ciclovias em andamento pela cidade estimulam os ciclistas a utilizarem a bicicleta. Estamos só começando a ver avanços. Esperamos, portanto, que outras empresas adotem iniciativas semelhantes e que o quanto antes os projetos de mobilidade urbana sustentável sejam viabilizados no Brasil, gerando melhoria de vida para todos: motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.
Veja as iniciativas de outras cidades para viabilizar a mobilidade urbana:
Semana da Mobilidade 2012: de 16 a 22/09.
Que iniciativa boa. Melhor seria se um grande numero de pessoas aderissem a esse tipo de movimento. Tantos benefícios teríamos. para nós para a cidade e para o meio ambiente..
Vai em frente amiguinha Erika Horst..
bjs
Pois é, Cecília, é só uma questão de tempo e com certeza mais pessoas vão aderir! Vamos?
Bj!
Aproveito o gancho da postagem, mais que oportuna, por sinal, pra chamar a atenção quanto a um fato curioso: tenho escutado de alguns colegas no trabalho que eles também gostariam muito de ir trabalhar utilizando a bicicleta, mas que não o fazem por insegurança, pela falta de ciclovias.
Definitivamente, eu não vou fazer nenhum tipo de apologia ao uso indiscriminado da bike como meio de transporte, ou incentivar a fazê-lo alguém que não se sinta seguro em meio ao nosso trânsito cada dia mais caótico. Mas eu percebo que há uma grande demanda reprimida. Lembro, então, que só há como pressionar nossos governantes para tentarmos ver atendidas reivindicações antigas, como a construção de ciclovias que integrem as satélites ao Plano Piloto, quando mais e mais ciclistas (conscientes e responsáveis) colocarem o ‘bloco na rua’.
Não é preciso fazer absolutamente nada para mostrar que o uso indiscriminado de veículos automotores nos centros urbanos está muito próximo de um grande colapso.
A bicicleta é a (grande) solução? Sabemos que – unicamente – não é, óbvio! Entretanto é parte dela e quem optou pela ‘magrela’ como meio de transporte, independente dos motivos, merece um mínimo de respeito ao dividir um espaço nas ruas que ‘deveria’ ser de todos: motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres, principalmente, já que ninguém nasce com rodas no lugar das pernas.
Resumindo, não há porque esperarmos pelas ‘condições ideais’ (ciclovias e etc.) para pedalarmos com segurança se não nos mobilizarmos por isso.
“Seja a mudança que você deseja ver no mundo.” (Mahatma Gandhi)