24 de dezembro de 2012

Veni Emmanuel!

Por Erika Horst

Para todos os meus queridos, especialmente para as amigas

Eliane e Taciana Nassif

Por Elizabeth Gomes

Está chegando o dia em que celebramos o nascimento de Jesus Cristo e, ao ler mensagens de amigos do mundo inteiro, não posso deixar de ler nas entrelinhas o sofrimento de muitos deles. Talvez uns dez (que eu saiba) estejam enfrentando a dor da descoberta ou difusão de um ou muitos cânceres. Cansados de diagnósticos e tratamentos, de desejos de vitórias e curas, alguns, como Jó, glorificam a Deus afirmando “Sei que meu Redentor vive” e trazem ânimo e alento para outros irmãos. Outros não sabem nem por onde começar a pedir misericórdia ao Pai de Amor.

O período de festas é também um tempo quando muitos lembram as carências: um casamento rompido, uma amizade ferida, uma igreja em lutas internas e externas.

Eu me lembro de um 25 de Dezembro, há anos, quando fomos passar a festa em Araras, com os pais do Lau, e encontramos a casa vazia e a empregada respondendo à nossa pergunta sobre onde estavam, com um lacônico: “No hospital”. A paleta de carneiro que eu preparara e os cookies ficaram em cima da mesa, os presentes que trouxemos ainda no carro. Fomos direto ao hospital que testemunhara o nascimento de nossos filhos e tantas surpresas agradáveis. Ali encontramos Da. Eulina junto ao leito do sempre alegre – agora mudo – Sr. Wadislau. Com os familiares estava a vigília: longa e entediante, intercalada com chegada de diversos parentes amados que vinham à medida que sabiam da notícia. “Que ele viva – ainda que tenha de ficar de cadeira de rodas!”  foi uma súplica a Deus. Mas Deus escolheu levá-lo, fazendo-o viver numa esplendida eternidade sem dor, na presença do Senhor da Vida – no dia em que fazia aniversário – 26 de dezembro; sua partida partia nosso coração, mas ele foi em paz. Em vez de “Noite Jubilosa”, cantamos seu coro predileto: “Que a beleza de Cristo se veja em mim / Toda sua admirável pureza e amor…” e vimo-lo partir, calmo, sereno e tranquilo. Minha querida segunda mãe perdera o companheiro de quarenta e seis anos – “Queria tanto fazer bodas de ouro!” ela suspirava. Meu companheiro de vida tinha perdido seu melhor amigo na terra. Mas a beleza de Cristo era visível em cada um cuja vida fora tocada pelo Redentor.

Voltando para as cenas do Natal, conforme as festejamos na igreja de Cristo, lembrei-me de que o primeiro deles, junto com o júbilo de anjos e pastores, estava prenhe de pressentimentos. Um cordeirinho em uma estrebaria – para que, afinal, nascia o Cordeiro de Deus que a mãe colocou na manjedoura? Ele se encarnou para dar a vida pelos que estavam mortos em delitos e pecados. Dar vida, não fazendo com que ficássemos apenas joviais e alegres para festejar o infante Jesus, mas dar vida trinta e três anos mais tarde, consumando todo o plano eterno de Redenção sobre uma tosca, horrenda cruz.

A previsão de Simeão, alguns dias após seu nascimento, foi de que esse menino seria “luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel”. Era a razão pela qual o velho podia agora descansar (podes despedir em paz o teu servo (…) porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel – Lucas 2.25-38). José e Maria se admiram do que foi dito, mas certamente Maria lembraria por muitos anos a profecia que continuava: Este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição, (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.

Em Belém, receberam a visita dos sábios da Mesopotâmia que lhe presentearam com ouro, incenso e mirra; e, avisados por um anjo sobre os intentos de Herodes, os magos não voltaram a Jerusalém. A família sagrada fugiu com o Menino para o Egito. A horripilante matança dos inocentes foi o jeito que o mundo se manifestou no nascimento do Rei dos Reis (Mt 2.1-18).

Quando Jesus iniciou seu ministério, aos trinta anos, João Batista anunciou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E o evangelista João descreve o relato dizendo: O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.14).

Para meus amigos que se alegram neste Natal: Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança (Tg 1.17) – desfrutem, aproveitem, regozijem-se em tudo que há de bom e honesto para se alegrar.

Para meus muitos amigos queridos que sofrem neste Natal – ou em outras épocas festivas da vida, o mesmo Tiago partilha: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg 1.2-5).

Quer estejamos em situação de alegria quer em profunda tristeza, neste Natal tenhamos nítida e constante lembrança da razão pela qual Jesus veio ao mundo: “Hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.

Em época do Advento, na Idade Média, monges cantavam: “Ó vem ó vem Emanuel / vem resgatar a Israel / que geme em exílio / sem ter de Deus o Filho. / Regozijai! Emanuel virá a ti ó Israel!” Cantamos porque ele veio. Celebramos porque ele está aqui, Deus conosco! E aprendemos a viver contentes em toda e qualquer situação – porque ele nasceu para nos dar fé confirmada: perseverança a fim de sermos perfeitos e íntegros, em nada deficientes!

Glória a Deus e Feliz natal!

 

Texto do blog: coramdeo