19 de maio de 2011

Displasia coxofemoral na Flora

Por Erika Horst

 Aqui em casa temos quatro “garotas”. A Flora é nossa caçulinha… embora seja a maior entre as irmãs. Nasceu em 29 de janeiro de 2009. Três meses depois, eu, Camila e Carolina (minhas sobrinhas) fomos buscá-la. Que linda! E enorme!! Ela seria um presente para o Eduardo. Amarrei no pescoço dela um laço de fita azul (cor preferida dele) e fomos buscar o papai no ParkShopping. Quando ela disse oi, ele perdeu a fala e ficou em estado de choque por uns instantes. Ela já era maior que a Bianca (nossa Lhasa Apso branca) e ainda era um filhotinho…

Os Goldens são dóceis por natureza. A Bia e a Bianca que são Lhasa Apso podem aprontar com a Flora que ela não liga. Crianças e adultos também podem subir nela, puxar o rabo, abrir a boca, abraçar, rolar… Goldens são mansos, pacientes. E ela é maravilhosa!  Além de muito bonita, brincalhona, carinhosa, inteligente, fiel, uma companheira muito atenciosa e macia, macia. Adora ficar perto da gente todo o tempo.

É também um foguete! Sua diversão predileta (depois de buscar bolinha, claro) é tirar as tripas dos bichinhos de pelúcia. Seu apelido é “Bocuda”, mas não pelo tamanho da boca. É que ela é capaz de comer sem parar por três dias e ainda pedir sobremesa se a gente se descuidar. Uma faminta! Lembram-se do filme “Marley e eu”, quando o Marley come todo o saco de ração? Pois é.

Se comporta muito bem dentro de casa e no jardim. Parou de roer móveis e rodapés  e de fazer buracos e de comer as plantas (só tem uma trepadeira que ela ainda não deixa em paz; basta ficar bonita, cheia de flores para a Flora arrancar). Paciência. Estamos ensinando. De qualquer modo, dizem que os Goldens e os Labradores demoram mais a amadurecer. Esperamos que ela deixe disso logo.

Os Goldens Retriver necessitam de muito exercício físico para gastar energia. Caminhadas não são suficientes. É preciso correr. Então o Eduardo corria com ela ou eu ia passear de bicicleta. Eu passeava e ela corria bastante. Durante uma obra aqui em casa ela ficou no Social Dogs onde fazia agility e natação. Voltou quando começaram as chuvas e aí foi um problema… essa raça tem uma pele muito sensível e não pode ficar se molhando. Então assistindo ao “Encantador de Cães” na Animal Planet, aprendi como colocar o cão na esteira… fiz com a Flora. Ela aprendeu imediatamente. Amou! Amei! Virava e mexia subia na esteira e ficava lá  com uma cara de quem está esperando a brincadeira começar. Corria e caminhava de 30 a 40 minutos e no fim ganhava um biscoito, claro! Desconfio que pra ela essa era a melhor parte…

Quando completou dois anos, em janeiro deste ano, decidimos promover a primeira cruza. Ela já tinha vários pretendentes lindos! Acertamos com o Sidorf, nosso vizinho. Ele é lindão! Mas cadê que ela entrava no cio?? Enquanto isso, começamos a observar que após os exercícios na grama e na rua ela ficava como doida, girando com as pernas bambas até se deitar e aí começava a se arrastar expressando um cansaço anormal. Levávamos água pra ela e ficávamos observando e achando aquilo muito estranho. Afinal ela tinha uma excelente forma física. Um dia vi suas pernas traseiras tremendo enquanto ela estava ali, meio que “morrendo”. Imediatamente me lembrei da displasia coxofemoral, comum em raças grandes. No dia do banho, contei tudo à veterinária e ela pediu o exame para verificar a displasia.

Fizemos o exame e foi confirmado o diagnóstico de displasia coxofemoral grau D HD++. Isso significa que é uma displasia moderada, o que é grave. A displasia coxofemoral pode acometer cães de todas as raças, mas principalmente raças grandes e gigantes de crescimento rápido. As raças com maior incidência de displasia coxofemoral são: Rottweiler, Pastor Alemão, Labrador, Golden Retriever, Pit Bull e Fila Brasileiro.

É uma doença hereditária. No entanto, a nutrição e o meio ambiente onde vive o cão, podem afetar o desenvolvimento ou não da doença. E, por ser hereditária, o cão com displasia não deve procriar, pois é muito provável que seus filhotes venham a manifestar a doença.

O canil onde comprei a Flora não tem casos de displasia entre suas matrizes e padreadores. Então os pais e avós  da Flora também não. Acreditamos que ela desenvolveu a doença em razão de ter crescido  muito rápido e engordado bastente num piso muito escorregadio… lá em casa temos cimento queimado, liso mesmo!

 Os cães com displasia coxofemoral poderão apresentar dificuldades para levantar, caminhar, correr, saltar e subir escadas. Devido à dor que sente nessas atividades, o cão pode deixar de usar o membro e o músculo pode atrofiar. Quando a doença afeta os dois membros, observa-se, com alguma freqüência, a compensação da dor com o deslocamento do peso para os membros anteriores desenvolvendo a musculatura torácica desproporcionalmente em relação aos posteriores. A sobrecarga nos ombros e cotovelos causa outros problemas também graves, tais como tendinite e displasia na articulação desses membros. A Flora já sente dor nos cotovelos e ombros (percebemos no exame clínico) e a musculatura mais desenvolvida nos membros anteriores também é visível.

A corrida dos cães displásicos se assemelha, em casos graves, à corrida de coelhos. Além disso, as passadas ficam mais curtas, podendo ocorrer relutância aos exercícios, observando-se preferência pelo sentar ou deitar. Episódios anormais de agressividade são algumas vezes observados, inclusive com o proprietário.

A Flora, por incrível que pareça, tendo em vista o grau de displasia em que ela se encontra, não apresenta ainda relutância aos exercícios. Ao contrário, ficamos morrendo de pena, porque ela chama pra brincar o tempo todo! E não tem limite! Mas o veterinário quer evitar os exercícios por enquanto.

Bem, procuramos os melhores ortopedistas indicados em Brasília e todos afirmaram a necessidade de colocação de uma prótese no fêmur direito, considerando a idade e o grau da doença na Flora. Quanto ao fêmur esquerdo, vamos aguardar a evolução, porque ainda não está tão mal. Talvez não seja necessário.

Ainda não há veterinários de Brasília com recursos para esse tipo de cirurgia (as próteses nacionais ainda não são de boa qualidade e as importadas são muito caras).  Por essa razão, a pedido do veterinário que nos atendeu, vem um cirurgião do Rio de Janeiro para operar a Flora. Nossa expectativa é que em breve Brasília tenha condições de atender os cães daqui em casos como este.

Esse cirurgião do Rio afirma que a recuperação é bem rápida e que por ser jovem e forte, a Flora é uma candidata ideal para a prótese, que não seria uma opção para cães já idosos.

A cirurgia seria nesta semana, mas ela acabou de entrar no cio… No dia 06 de junho será operada.

Ah, Bocuda… você vai ficar bem!

Para saber mais detalhes a respeito da displasia coxofemoral, veja os sites:
http://niltonovaes.sites.uol.com.br/DISPLASIA.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Displasia_coxofemoral
http://www.summerstorm.com.br/displasiaprovet.htm
http://www.saudeanimal.com.br/artigo1.htm