27 de março de 2013

Circuito de Cicloturismo Vale Europeu Catarinense – Planejamento

Por Erika Horst

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Desde o dia em que a palavra cicloturismo entrou nas nossas vidas eu e Eduardo sonhamos com o momento em que ela se tornaria uma realidade não virtual.

Depois de alguns planejamentos frustrados por várias razões, finalmente, no dia 28 de março de 2013 iniciamos nossa primeira viagem como cicloturistas. Escolhemos o Vale Europeu, em Santa Catarina, “o primeiro roteiro no Brasil planejado especialmente para ser percorrido de bicicleta…”.

O Clube de Cicloturismo promove um evento chamado Velotour que faz percursos com grandes grupos pelo Circuito do Vale Europeu e pelo Circuito Costa Verde & Mar, ambos em Santa Catarina. Nossa intenção primeira foi de fazer o circuito com o Velotour, mas o carnaval seria um período complicado para nós. Então decidimos fazer sozinhos. Fomos na Páscoa: final de março, início de abril, porque a Kika, nossa amiga de Santa Catarina, afirmou que em abril chove menos por lá. Veja bem: chove menos! O que é bem diferente de “não chove”.

O circuito do Vale Europeu foi criado há apenas 6 anos por alguns moradores da região que formaram uma associação e fizeram convênios com municípios para viabilizar o projeto. É dividido em parte baixa, mais habitada, com altimetria menos penosa, e parte alta, com poucos habitantes e altimetria de arrasar. O roteiro sugerido está todo sinalizado e começa pela parte baixa. Cicloturistas menos preparados fisicamente ou com menos tempo disponível podem optar por fazer apenas a parte baixa do percurso enquanto outros, bem preparados ou loucos, completam o circuito circular. Acho que nos enquadramos na categoria dos loucos…

Após ler vários relatos e estudar cuidadosamente o roteiro proposto no site, decidimos fazer o caminho inverso, começando pela parte alta. Consideramos basicamente que seria melhor estar em locais mais desertos e sem recursos de alimentação, socorro hospitalar, sinal de celular, enquanto estivéssemos mais descansados e com as bikes recém revisadas.

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Como teríamos 9 dias de pedal para fazer um roteiro de apenas 7, decidimos passar uma noite na Pousada Campo do Zinco, um opcional do circuito, porém muito recomendado pelos organizadores e por quem já esteve lá; e passar mais um dia em Pomerode, uma cidade aparentemente fofa! A nossa intenção não era vencer quilômetros no menor tempo possível, mas sim de fazer uma viagem: fotografia, cultura, descanso, lazer, gastronomia, novos amigos… Sem hora para chegar no ponto seguinte (só data).

Lemos também depoimentos de cicloturistas que chegaram arrasados a uma cidade do circuito e, simplesmente, não encontraram hospedagem e restaurantes ou tiveram grande dificuldade para isso. É que as cidades são pequenas e os hotéis e pousadas não têm movimento constante. Então eles lotam rapidinho quando há algum evento na cidade e fecham quando não há reservas. Passaríamos pelas duas situações. Dias de lotação esgotada por causa da Páscoa e dias muito calmos na semana seguinte. Por essas razões, fizemos reservas em todos os hotéis do percurso com antecedência. Afinal, eu sou meio folgadinha. Adoro um conforto e fiquei desesperada só em pensar que chegaria a uma cidade depois de um dia inteirinho de pedal e não teria um chuveiro com água quente e uma cama confortável para dormir. Se necessário, até topo acampar, dormir ao relento, tomar banho frio do tipo “banho de gato”, caçar para comer, tudo isso sem ficar mal-humorada… Mas, podendo, prefiro evitar essas situações.

Fomos de avião pela TAM. O aeroporto de Navegantes, em Itajaí-SC é o mais próximo à Timbó, onde o circuito começa. Mas de Brasília não há voos diretos para  lá. Ao invés de passar o dia todo quicando de aeroporto em aeroporto, apertados dentro de aviões, preferimos ir num voo direto até Florianópolis.

A TAM permite o embarque das bicicletas montadas. Assim fomos. A orientação inicial dizia que os pneus deveriam ser esvaziados para evitar que estourassem com a pressão dentro do avião e sem pedais. Mas quando chegamos ao embarque, um funcionário da TAM disse que tinha que passar um plástico para melhor proteção. O quê??? O Eduardo não gosta muito de perguntar. Coisa de homens. Foi logo ao local onde embalam-se bagagens e mandou embalar as bicicletas. O cara da embalagem avisou que seriam dois “serviços” porque só um não seria suficiente para proteger bem a bike. Começou pela Imelda, minha bike

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Eu fui ficando horrorizada e indignada! Eu não queria dois serviços! Ia ficar caro demais! E a bicicleta teria que ser carregada! Além disso, o site da TAM não manda embalar. Eu voltei ao rapaz da fila e questionei. Ele respondeu que se eu não quisesse embalar não tinha problemas, mas que poderia estragar… Ah! Que raiva! Voltei rapidinho para impedir que a Marjorie, bike do Eduardo, sofresse o mesmo sufocamento. Mas o Eduardo queria protegê-la, coisa e tal… Enfim concordou em embalar apenas o quadro e o guidão. Um serviço deu e a bike seguiu rodando. Dinheiro jogado fora! A gente poderia ter feito essa proteção em casa com filme de PVC ou plástico bolha. Uma coisa bem light, só para proteger partes sensíveis. E ninguém falou de pedais. Não os retiramos.

A Imelda ficou mais ou menos assim, só que com plástico verde. Ficamos tão transtornados que nem nos lembramos de fazer uma foto… No caso da Marjorie, ficaram de fora as rodas.

Para fazer o trecho Florianópolis/Timbó, nós contratamos o Naldo, taxista de Timbó, indicado por Angela e Rui, proprietários da Fazenda Sacramento, em Rodeio. Ele cobrou menos que as empresas que fazem traslados e ainda conseguiu um suporte para bicicletas emprestado que, por sorte era de três lugares, porque com os bagageiros nossas bikes não cabem mais nos suportes de dois lugares.

Os horários previstos para o nosso voo foram: partida às 11h20/chegada às 13h13. Não houve atrasos. O Naldo disse que o horário escolhido para a chegada foi perfeito para evitar o pior trânsito. São apenas 170 km de Florianópolis até Timbó. No entanto, a BR 101 é movimentadíssima. E, quando entramos na BR 470, pouco antes de chegar em Blumenau, o trânsito já estava parado… O Naldo ficou assustado! Explicou que normalmente isso acontece mais tarde, lá pelas 17h. Véspera de feriado… Ele já tem a manha de não ficar parado na estrada e saiu cortando por caminhos alternativos. Chegamos em Timbó às 17h30 e paramos no primeiro posto para encher os pneus. Em seguida fomos muito bem recebidos no Timbó Park Hotel.

Deixamos a bagagem e já saímos para procurar o restaurante Thapyoka, onde compramos o passaporte para carimbar no decorrer do percurso. Não é obrigatório. Não vai fazer diferença ter os carimbos ou não. É só uma graça, um registro para a posteridade.

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Comprando o passaporte ou não, passar no Thapyoka é fundamental, porque o pessoal dá toda a explicação necessária para o início do percurso, além de ser um lugar lindo, ter boa comida e um chopp delicioso.

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No dia seguinte começou nosso roteiro de cicloturismo. A viagem durou ao todo 11 dias, entre o dia que saímos e o dia que voltamos para casa. Apesar de todo o planejamento cuidadoso com definição minuciosa de roteiro, horários, bagagem, etc, concluímos mais uma vez que a prática segue por caminhos inesperados…

Aos poucos vou postando nossas experiências em cada trecho do percurso. Foi uma viagem inusitada!

Veja mais algumas fotos desse dia:

  • 2013-03-28_19h21m43 2013-03-28_19h21m43 Restaurante Thapyoka, em Timbó (SC)
  • 2013-03-28_18h30m57 2013-03-28_18h30m57 Vista do restaurante Thapyoka, em Timbó (SC)
  • 2013-03-28_20h25m32 2013-03-28_20h25m32 Matando a fome...!