2 de julho de 2012

Pedalar Exige Saúde

Por Erika Horst

Em consulta de rotina, meu médico sempre pede muitos e muitos exames. O meu checkup semestral é feito por ele. Em março desse ano estive lá. Quando os exames ficaram prontos eu já tinha caído da bike e estava com o braço engessado.

Ele me disse, ao ver o resultado dos exames, que eu deveria comer mais proteína, porque a taxa estava baixa. Eu estranhei, porque estava já há algum tempo comendo basicamente proteínas. Então ele disse que eu deveria comer mais proteína!

Alguns hormônios também estavam abaixo do esperado, embora dentro dos valores de referência. Ficaríamos alertas. Enfim, o resto estava bem. No entanto, saí da consulta cismada com essa história de proteína baixa. Não fazia sentido pra mim.

Quando tirei o gesso, decidi procurar meu nutricionista, Maxsoel Xavier, que não via há um bom tempo. Afinal, havia alguma coisa errada com a minha alimentação e eu não conseguia explicar. O  Max conversou, tirou medidas, olhou os exames. Viu que eu estava com pouca massa muscular, bem abaixo do mínimo necessário para a minha idade. Ele quis saber da minha alimentação, sono, exercícios físicos. Contei tudo. Sabe como é, eu queria emagrecer e tinha cortado quase todo o carboidrato. Ou seja, pouco carboidrato, pouco sono, atividade física irregular (uns dias muita, outros nenhuma).

Argumentou que os carboidratos  fornecem energia ao corpo para todas as atividades que fazemos. Durante o sono, produzimos GH, o hormônio do crescimento. Sem comer carboidrato, meu corpo estava se alimentando da minha massa muscular. Por isso, apesar de estar comendo bastante proteína, nunca seria suficiente para repor meu gasto de energia. Com aquela alimentação e sem dormir  direito eu não poderia fazer mais que 1 hora de atividade física moderada. Desse jeito não dá pra viajar de bicicleta! Pedalar de 6 a 7 horas por dia, uns 5 dias seguidos… E agora???

O Max até acredita que eu caí da bicicleta porque já estava muito cansada, fazendo um esforço físico para o qual não tinha preparo, pedalando há mais de 1h30 e com alimentação insuficiente. Foi um tombo estranho mesmo! Eu simplesmente despenquei. Sem massa muscular suficiente, o corpo não fica de pé.

Ele afirmou ainda que muitas mulheres têm baixa hormonal e entram muito precocemente na menopausa em razão de dietas equivocadas onde cortam os carboidratos, como eu fiz. Porque é nas proteínas que o organismo busca a fonte que produz os hormônios, mas para que a massa muscular fique no corpo, é preciso outra fonte de energia, derivada dos carboidratos. Aí me lembrei do que o ginecologista tinha falado a respeito dos meus hormônios…

Ai, ai… A gente não sabe de nada e inventa com base em coisas que ouve por aí. Quer emagrecer, faça isso. Quer engordar, faça aquilo. E não percebe que não está dando certo. Porque até emagreci um pouco depois que comecei a praticar pilates e ciclismo mas, de repente, a redução de gordura empacou. Além disso, eu vinha reclamando com o Eduardo que embora me esforçasse muito, meu condicionamento cardiovascular não melhorava. Ia muito bem no plano e nas descidas, mas qualquer sintoma de subida já me deixava extremamente cansada e isso não mudava com o passar do tempo. Tudo agora estava mais claro.

Então o Max definiu pra mim uma dieta riquíssima em carboidratos (e todo o resto, é claro!), mínimo de 7 horas de sono e 30 minutos de exercícios diários, sem folga. Não conseguia comer tudo o que ele mandou e fiquei passando mal nos primeiros dias com a quantidade de comida. Ele tinha dito que nossa meta não era emagrecer. Pensei comigo, vou recuperar os 3 quilos que perdi com tanto esforço… Trinta dias depois voltei. Tinha ganhado massa como esperado e, incrível: perdi 2 kg de gordura! Só que ainda não tinha chegado no mínimo de massa muscular que precisava. A batalha então continuou. 

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Mas pedalar ainda não. Fiquei só com o pilates e aulas temporárias de dança, porque o braço ainda dói. Vou esperar mais um tempo. Quero ter cautela agora, porque a pressa em enfrentar todas as dificuldades e estar pronta logo me obrigaram a fazer essa pausa  e entender que tenho limitações físicas que podem ser superadas aos poucos e que precisam ser respeitadas.

Outro dia li numa lista de discussão as opiniões de alguns colegas ciclistas a respeito de como começar a se preparar para uma viagem de bicicleta e quando a gente sabe que está pronto.

Um dos colegas disse que era prudente começar aos poucos, treinando todos os dias (ou quase) se possível e ir aumentando o tempo de treinamento devagar até chegar ao ponto de terminar 6 horas de pedal sem ficar acabado! É quando você poderá enfrentar dias pedalando numa viagem.

Outro disse que essa preparação era dispensável. Na estrada é que o corpo vai se acostumando e superando as dificuldades. Usou o argumento de quem quer faz agora e que se não der para terminar o percurso é só pegar um ônibus, uma carona e voltar.

Bem, eu fico com a opinião do primeiro. Pedalar é um hábito saudável, se for praticado de maneira adequada, como qualquer outro esporte. Prudência no treinamento, observar limites, fazer exames médicos, se possível contratar um bike fit, enfim, se preparar para uma viagem bem sucedida, para viver bons momentos e aproveitar tudo ao máximo, sem sentir dores físicas ou cansaço extremo, que podem acabar com a alegria de qualquer um. Eu chego lá!