7 de maio de 2011

O bonsai na minha vida

Por Erika Horst

 

A primeira muda

Romãzeira

Minha sogra tem um pomar. Amora, manga, caqui, acerola, pitanga, goiaba, jabuticaba, maracujá, mamão, romã, graviola, limão… claro, o terreno é enorme!
Eu e Eduardo temos um terreno pequeno e gostamos de plantas, mas não dava pra ter um pomar! Só que a Lúcia (minha sogra) achava que dava sim pra termos um pomar. Então, em 13 de novembro de 2010 nos presenteou com uma pequena muda de romã.
Imediatamente, descartamos a possibilidade de plantá-la em casa. Não havia mesmo espaço para árvores grandes. Pensamos em oferecê-la ao meu irmão… uma decisão amargurada, visto que não gostamos de desprezar presentes.
No mesmo dia, fomos ao Casa Park e lá estava acontecendo a Feira Botânica, evento quinzenal nesse shopping à época.
A Jô Ribeiro, bonsaísta de Brasília, expunha muitos exemplares de bonsais de árvores frutíferas, novidade para mim. Ficamos encantados!
Quando vi um bonsai de romã, com frutas e tudo, lembrei imediatamente da muda que ganhamos e, conversando com a Jô, decidimos transformá-la num bonsai. Foi nosso primeiro exemplar. Ainda é um pré-bonsai, acredito. Mas é lindo!
Obrigada, sogrinha, por me levar a descobrir uma arte maravilhosa!
Agora podemos ter um pomar!!

Três exemplares de bonsai

Parreira

 

Na mesma Feira Botânica onde tivemos a idéia de transformar a muda de romã em um bonsai, adquirimos quatro exemplares lindos! Uma cerejeira, uma parreira, uma figueira. Os dois últimos com frutos.
A parreira exibia dois cachos muito charmosos de uvas ainda bem verdes. Uma espécie desconhecida pra nós. Nem imaginamos que as uvas ficariam roxas. Sim, ficaram roxas e deliciosas!
Já a figueira demorou um pouco mais. Veio com quatro figos verdes. Foi uma vida (uns 3 meses) para amadurecerem. Eu podia ter feito um doce de figos. Para isso eles devem estar verdes. Mas eu adoro figos maduros! Tive que esperar um pouco e comi todos!

Visita ao viveiro da bonsaísta Jô Ribeiro

Amoreira

Em janeiro de 2011, dois meses depois da aquisição dos nossos primeiros bonsais, eu tive algumas dúvidas… Não sabia se estava molhando demais ou de menos, a romãnzeira necessitava de adubação e eu não tinha coragem de fazê-lo sozinha. E o sol tão forte? E a chuva excessiva? Eu seguia à risca todas as orientações que recebi, mas estava muito insegura.
Então coloquei os quatro no carro e fui ao viveiro da Jô para que ela desse uma olhada neles.
Nossa, que lugar incrível! Ela tem uma quantidade enorme de bonsais, pré-bonsais e mudas.
Dei uma volta por lá, admirando tudo!
Ela me ofereceu um suco de melão delicioso, tomamos chuva enquanto passeávamos pelas bancadas, namorei muito, muito aquelas plantas…
Quanto aos meus quatro filhos, romãzeira, parreira, figueira e cerejeira, estavam todos bem. Adubamos a romãzeira e era só o que precisava ser feito. Fiquei aliviada! Então eu estava fazendo tudo certinho.
Mas o resultado dessa visita foi que voltei pra casa com uma família de bonsais bem maior!! Não resisti aos seus encantos!
Comprei vários e só não comprei outros mais porque o Eduardo ia me internar… na verdade ele quase fez isso. Ah, também ganhei alguns de presente da Jô! Ela é uma graça!

Dúvidas

É claro que com tantos exemplares, eu teria novas dúvidas. Comprei revistas, livros, pesquisei sites e blogs na internet. Queria fazer um curso, mas não havia nenhum disponível em Brasília. Falei sobre isso com a Jô e ela informou que dava cursos básicos para grupos, mas que não sabia quando seria o próximo, pois ela não estava tendo tempo para organizar tudo. Pensei na possibilidade de fazer cursos fora daqui, mas não seria fácil! Acabei me dedicando à leitura.
Em fevereiro o meu limoeiro começou a enrolar as folhas. A acácia parecia infeliz, estava estranha…
Então liguei pra Jô e pedi que viesse visitar as minhas pequenas árvores. Não dava mais pra ir lá com todas elas.
Ela veio em 22 de fevereiro de 2011. Foi logo dizendo que estavam todas lindas, que eu estava de parabéns, coisa e tal! Fiquei toda inchada!
Trouxe-me de presente, um Ipê de sete meses, bem pequenino, um encanto!
Só que o limoeiro estava mesmo com pulgão e a acácia com cochonilha.

Cochonilha

Então a Jô me ensinou como aplicar o remédio. Ela trouxe uma calda de fumo. Deveria aplicá-lo em pequena quantidade, à noitinha, depois de regar e vaporizar muito bem todas as plantas. Além disso, elas não deveriam tomar sol no dia seguinte inteiro. Disse que poderia aplicar em todas pois estavam próximas umas das outras. Seria uma prevenção para que não fossem atacadas também.

Acácia desfolhada

Também tinha que desfolhar toda a Acácia, para que pudesse retirar as cochonilhas. São bichinhos que parecem não se mover. Têm uma carapaça durinha e deixam o caule da planta todo melado, atraindo formigas. Só o remédio não resolveria. Eu teria que retirar uma por uma.
Eu nem sabia que esses bichos existiam! Tinha muitos! Demorei uns dias para tirar todas as cochonilhas. E até poucos dias eu ainda vinha encontrando uma e outra.

Perguntei de novo à Jô quando ela ministraria um curso básico. Sem previsão.

Um curso só pra mim

A Jô foi embora… ai, ai… as minhas plantas estavam bem, mas minhas dúvidas não tinham sido sanadas. Além disso, estava desesperada de vontade de começar minhas próprias experiências. Ao andar pela cidade, ficava imaginando as árvores do caminho miniaturizadas, até sonhava com elas! Então liguei pra ela novamente e pedi um curso particular… he, he! Não é que ela topou!!?
Veio à minha casa em 07 de março de 2011, em plena segunda-feira de carnaval, e me ensinou tudinho!! Segundo ela, foi um curso “avançado”, pois nos aprofundamos mais que num curso básico.

Piracanta antes

Trouxe várias mudas pra trabalharmos. Conversamos muito sobre a história do bonsai, os estilos, modos de propagação. Fizemos umas nove podas de raiz, envase, poda folicular.

Piracanta depois

Aprendi na prática coisas já tinha visto nas revistas, livros e sites. Na verdade, aprendi mais. Foi um dia muito legal! Quando digo que aprendi na prática, quero dizer “pratiquei um pouco a teoria”. Aprender mesmo… nossa, sei que ainda sou incipiente nessa arte milenar!
Obrigada, Jô!