Estrada Real – Paraty
“Paraty é a cidade onde os caminhos do mar e os caminhos da terra se encontram, melhor, se entrosam” – Lúcio Costa
02/10/2009 – A estrada
Saímos de Guaratinguetá por volta de 8h30. A viagem foi demorada, pois houve um desmoronamento na estrada, próximo a Cunha-SP, que impedia a passagem até Paraty. Tivemos que ir por um caminho mais longo, passando por Taubaté e Ubatuba. Ou seja, os 95 km previstos viraram 201 km. A descida da serra entre Taubaté e Ubatuba foi fantástica! Lá em cima a neblina estava espessa e o frio gostoso. Em nada se comparava ao frio do dia anterior.
Começamos a descer e o céu foi se abrindo, o sol voltou e o dia brilhou muito lindo para que pudéssemos apreciar aquela paisagem. As imagens estão em nossa memória, porque parar ali para fotografias era simplesmente impossível! Curvas em U, nenhum espaço para paradinhas e muitos carros descendo. Por causa da baixa velocidade, a fila de carros só aumentava. No pé da serra, Ubatuba.
Almoçamos lá. Uma das coisas boas de viajar de moto é que sempre chega alguém puxando assunto, querendo ver a moto, saber detalhes da estrada, da viagem; desconhecidos compartilhando suas histórias, trocando experiências. No restaurante conhecemos motociclistas muito legais!
Passeamos por lá, tiramos umas fotos que desapareceram (da máquina ou do computador) e voltamos para a estrada. Chegamos à Paraty por volta de 15h30.
A cidade
A saga de procurar pousada foi a mais complexa. A cidade estava cheia e, pra variar, o tipo de calçamento não é nada convidativo para motos, muito menos do tamanho da Varadero. Chegamos lá com a indicação da Pousada Pardieiro, onde nossos primos, Luciana e Rogério, já haviam se hospedado. Mas eu já havia pesquisado o preço da tarifa e, depois de ficar na Pousada Mondego, em Ouro Preto, e no Solar da Ponte, em Tiradentes, resolvemos escolher uma pousada mais em conta.
Rodamos muito de moto. Depois estacionamos a moto e preferimos nos locomover a pé. As pousadas ou estavam lotadas ou eram muito caras ou, ainda, sem condições para uma hospedagem minimamente confortável. Quem viaja de moto precisa dormir em camas boas, sem opção de negociação!
Acabamos aceitando a indicação da Lu e indo para a Pousada Pardieiro. Excelente pousada com localização privilegiada. Novamente estacionamos a Varadero e andamos a pé pela cidade inteira!
Garoou todos os dias, quase o tempo todo. Tivemos um clima muito ameno, portanto! Andar a pé não foi sacrifício, foi diversão. As lojas de artesanato têm coisas lindas! A arquitetura da cidade é um charme!
Banana da Terra
Conhecemos o Restaurante Banana da Terra. É um dos restaurantes da Associação dos Pratos da Boa Lembrança. Comemos um peixe muuuito bom chamado “Um Peixe para Tasca”. E ganhamos o prato, claro! O ambiente é bastante agradável e as caipirinhas são de primeira!
Lagosta
Muito interessante foi um episódio que aconteceu conosco. Perambulando pelas ruas encontramos em várias esquinas pessoas fazendo propaganda de restaurantes, entregando pequenos panfletos e puxando conversa para te convencer a comer neste ou naquele restaurante. Numa dessas ruas dei uma olhada no cardápio e disse ao rapaz: “Ah… não vou lá não, porque hoje eu quero comer lagosta…” Outro rapaz que estava por perto interferiu dizendo que a lagosta não era parte do cardápio, mas ele teria imenso prazer em preparar uma para nós. Era nada menos que o proprietário e chef do restaurante. Tivemos que aceitar… ele pediu que não furássemos, porque teria que comprar a lagosta, coisa e tal. Chegamos na hora marcada, meio desconfiados. Um ambiente simples, bem pequeno e muito interessante, com decoração rústica, charmosa, aconchegante e voilà! A lagosta do cara arrebentou! Realmente maravilhosa. Posso dizer com toda tranquilidade que foi a melhor que já experimentei. Anotei todos os detalhes num guardanapo de papel: nome do restaurante, do prato, do chef, etc… mas cadê??? O guardanapo sumiu! As fotos também… Não posso indicar o lugar. Mas se alguém te parar nas ruas de Paraty oferecendo restaurante, peça lagosta. Quem sabe…
Teatro de Bonecos
Numa noite fomos ao Teatro Espaço assistir ao “Em Concerto”, um espetáculo de bonecos para adultos do Grupo Contadores de Estórias.
O programa tem 7 cenas muito expressivas e tocantes, cada uma tratando de um tema distinto. Nunca imaginamos que um espetáculo de bonecos pudesse retratar a vida com tanta beleza e profundidade.
“Ao final da apresentação sem palavras, fica a extraordinária sensação de que as figuras em miniatura são mais reais que os humanos.” Stephen Holden – The New York Times
Ilha Duas Irmãs
Outro programa bem legal foi ir de barco à Ilha Duas Irmãs, almoçar no Kontiki Restaurante.
A ilha é pequena e tão linda! Não me lembro o que comemos ou bebemos lá, se foi bom ou ruim… mas me lembro bem da sensação tão boa de estar ali.
05/10/2009
Terminou em Paraty nossa viagem pela Estrada Real. Começa o caminho frenético de volta para Brasília. A nossa intenção era voltar pelo Caminho Novo, mas como descobrimos dias antes de iniciar a viagem que o Salão Duas Rodas de São Paulo começaria no dia 12 de outubro, decidimos terminar a viagem mais cedo para ir a esse evento. Foi um fiasco! A maior decepção de nossas vidas! Abreviamos uma viagem fantástica para participar de um evento pobre, que acontece todos os anos, e deixamos a Estrada Real com a sensação (a certeza) de que corremos demais, deixando de curtir coisas importantes pelo caminho. A estrada é rica, é nobre… é real… Ela deve ser apreciada num ritmo lento, como eram lentas as caravanas de tropeiros que passaram por lá séculos atrás. Tomara que um dia a gente volte…
De qualquer forma, retornamos a Brasília enriquecidos e felizes por tudo o que vimos e vivemos naqueles dias!
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.
As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!
Salmo 19