Em um dia na Toscana
Depois de aprender a fazer o cappuccino italiano, devidamente alimentados com o maravilhoso café da manhã, saímos para um passeio de 139 km que durou o dia todo!
Seguimos por estradas secundárias em direção ao Chianti. Queríamos conhecer a região de um dos vinhos italianos mais conhecidos e vendidos no mundo. São os vinhos de corte, ou seja, produzidos com mais de uma uva; os Chianti, no entanto, levam em sua composição, no mínimo, 70% de uvas sangiovese.
Nosso roteiro:
Gaiole in Chianti, Castello di Meleto, Radda in Chianti, Panzano in Chianti, Volpaia e Montevarchi – Província de Arezzo
Gaiole in Chianti
Gaiole é uma pequena comuna italiana muito agradável.
Foi uma das poucas cidades que visitamos não cercada por muros. Várias feiras e festas acontecem por lá. O maior é o Settembre Gaiolese que ocorre todo ano no mês de setembro para festejar a colheita das uvas ou vendemmia. Durante a festa, muita música e a demonstração dos produtos locais: uvas, vinho, azeite de oliva.
Castello di Meleto
Passeamos por Gaiole, tomamos um gelato e fomos visitar o Castello di Meleto, uma fazenda produtora de vinhos, já de olho na degustação dos vinhos que são muito bem considerados na região.
Lá também funciona um belo hotel.
Infelizmente, não pudemos conhecer o interior do Castello nem degustar os vinhos. As visitas foram canceladas naquele dia porque todos estavam envolvidos na organização de um casamento que aconteceria lá naquela manhã. Estava um corre-corre! E nós ficamos com água na boca.
Radda in Chianti
Radda in Chianti é outra comuna medieval do século IX, toda cercada por muros de proteção.
Passeamos por suas ruelas estreitas, bisbilhotamos as lojas de artesanato e observamos a vida passar na praça principal, em frente à Igreja de São Nicolau.
Nas adegas e restaurantes, a chance de degustar o Chianti Clássico e pratos da culinária toscana. Almoçamos fora dos muros, no Restaurante La Logia del Chianti. Pedimos primeiro uma Insalatone Capricciosa. Salada, na Itália, não é considerada entrada e sim, acompanhamento de prato, mas a gente bagunçou a ordem natural das coisas por lá. Depois pedimos o Primo Piatti: Pappardelle alla Lepre. E de sobremesa um Tiramisù. Tudo muito gostoso!! A Teresa, um pouco tímida, atendeu-nos com muita graça e simpatia. Explicou tudo com uma paciência…
Ao redor de Radda há pousadas e fazendas de agriturismo produtoras de azeite e vinhos, muito procuradas para momentos de relaxamento. Igrejas por toda parte e também castelos, entre eles, o castelo medieval de Volpaia que visitamos no final da tarde.
Panzano in Chianti
Panzano nos atraiu quando lemos o livro do Jamie Oliver. Ele fala da Toscana como quem nasceu lá. E recomenda uma visita ao Dario Cecchini, em Panzano. Mas o seu charme nos encantou!
Essa pequena comuna de Greve in Chianti foi um castelo medieval e ainda preserva parte de suas antigas muralhas e torres.
A Igreja Santa Maria Assunta, construída na época do Império Romano e restaurada há pelo menos um século exibe belas flores em sua fachada e atrai os visitantes.
Para encontrar o Dario Cecchini, tivemos que andar para outras bandas da cidade.
Fomos perguntando aqui e ali, porque só conseguíamos processar a primeira parte das explicações, mas todos conhecem o Dario em Panzano. Ele é admirado e respeitado!
Certamente muitos turistas chegam à Panzano como nós, para visitar a Macelleria do Dario, comer em seus restaurantes, conhecer o próprio Dario, uma personalidade na Toscana. Afinal, a sua macelleria é um dos açougues mais famosos no mundo. E assim, os visitantes se apaixonam pela cidade, que é uma graça!
Chegamos à Antica Macelleria Cecchini, no meio da tarde, num sol escaldante. Entrar lá foi um verdadeiro refrigério! O ambiente é muito agradável! Parece que saímos do verão para entrar diretamente no fim do outono… Além disso, fomos recepcionados por uma mesa posta com vários itens de degustação, vinho e água fresca.
O Dario estava atrás do balcão de frios cortando grandes peças de carne com maestria impressionante. Ele deve ter nascido fazendo isso, já que a sua família está nesse ramo há mais de 250 anos.
Ai, eu queria tanto conversar com ele, mas eu não conseguia emitir nenhuma palavra útil… Meu “italiano fluente” fugiu de mim naquela hora. Ele é grande e impressionante! É uma figura! Parece sério, mas é um “showman“. Fiquei inibida, que droga! Depois de um tempo por ali, consegui pedir uns cortes de salames para levar e degustar no caminho. Delicia!
Volpaia
– Volpaia ou Castelo de Volpaia é uma pequena vila medieval fortificada da Toscana.
Parte de sua arquitetura é original e outra parte foi cuidadosamente restaurada.
Passeando pelas ruelas, quase todas as casas tinham portas e janelas fechadas, ninguém andando pelas ruas além de turistas… Na praça principal alguns moradores descansavam à sombra.
Sentamo-nos no Bar Ucci para um lanche. Perguntei à dona do restaurante − acho que se chama Paula, se a cidade era sempre calma como naquele dia.
Ela respondeu que sim e nos contou que na cidade há somente 40 habitantes. Isso mesmo. Não é erro de digitação: quarenta habitantes. Todos estavam fora de casa trabalhando ou nos 3 restaurantes da cidade ou na produção de vinho ou naquele banquinho da outra foto descansando… Uau! Pense o que deve ser viver num lugar assim!!!
Montevarchi
Saímos de Volpaia em tempo de pegar o Outlet Prada em Montevarchi ainda aberto. O outlet é um enorme galpão de luxo.
Só tem itens Prada, obviamente. Peças realmente lindas. Namoramos um bocado delas, experimentamos outras e saímos como entramos, de mãos abanando. Ah… não dá para nós! Os preços no outlet ainda são muito caros!!! Não precisamos gastar uma grana preta para ostentar o nome Prada por mais lindas que sejam aquelas coisinhas… Se a gente encontrar alguma dessas coisas “baratinha”, tudo bem… E vez por outra até comete uma loucura. No entanto, vivemos num mundinho mais simples, ufa! Mas foi bom passar por lá, senão eu não ia tirar aquilo da cabeça.
Então aproveitamos para dar uma volta na cidade. Nossas barrigas já pediam o jantar e nós tínhamos em mente um restaurante chamado Daniele e Riccardo, recomendadíssimo!! Estacionamos o carro nas imediações (difícil trafegar em cidades italianas) e seguimos a pé. O restaurante estava LO-TA-DO!!! Logo perguntaram se tínhamos reserva. Não, né…?! O rapaz que nos atendeu recomendou outro restaurante a cerca de 230m, o La Buca di Ipo. Deu um monte de estrelinhas para ele e explicou onde ficava. Meio desanimadinhos aceitamos a recomendação; só que no caminho passamos pela Piazza Vittorio Veneto, onde estava começando uma feira…
Várias barraquinhas enfeitadas,
… muita gente fantasiada com roupas medievais, uns aromas bem interessantes!
Era a festa tradicional da cidade que acontece todo ano no último sábado de agosto. Decidimos ficar por lá!!
Cada barraca servia uma coisa diferente. Comemos uma bela “Zampa di Porco” (Stinco di Maiale con Cipolle)…
… ou seja, pés de porco com cebolas. Uau! Estava divino!!
Fui conversar com a responsável pela barraca da Zampa para fazer um elogio e trocar umas ideias… E ela queria nos servir mais outra porção, de graça! Não aceitei, claro! A porção que comemos já havia sido bem generosa!
Ah… Varchi era a “moeda” da festa. E as garotas da imagem eram as responsáveis pelo caixa.
A cidade em peso participa da festa de uma forma ou de outra. A região foi enchendo de gente e a coisa foi ficando cada vez mais animada. No dia seguinte aconteceria uma procissão encenada com todos aqueles personagens que ali estavam fantasiados.
A gente foi ficando, ficando… Chegamos tarde de volta à Fattoria Le Pietre Vive. Foi um dia muito interessante!
Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias!
A tua estatura é semelhante à palmeira;
e os teus seios são semelhantes aos cachos de uvas.
Dizia eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos;
e então os teus seios serão como os cachos na vide, e o cheiro da tua respiração como o das maçãs.
E a tua boca como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e faz com que falem os lábios dos que dormem.
Cânticos de Salomão 7:6-9