2 de abril de 2013

Vale Europeu – Cachoeira do Zinco a Rodeio

Por Erika Horst

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02/04/2013 – 5º dia

Largar aquela cama não foi nada fácil! Mas a gente nem podia enrolar muito, porque o Egon e a Margarete também iam embora depois do café da manhã. Ainda chovia quando nos levantamos e fiquei aliviada de não ter mandado nossas capas de chuva para Rodeio com o Rui, apesar do lindo dia anterior não dar nenhum sinal de chuva quando despachei a bagagem.

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O café da manhã foi tão especial quanto o jantar do dia anterior. E o papo continuou super agradável. Nem parecia que todo mundo tinha alguma coisa para fazer… conversamos um monte! Nós estávamos super tranquilos quanto ao percurso daquele dia, porque o Egon repetiu várias vezes: “Daqui para Rodeio é só alegria!” Claro, com a descida do Zinco e outra mega descida de 8 km…

Devidamente equipados para enfrentar o clima, saímos logo atrás do Egon e da Margarete. Ele parou duas vezes pelo caminho e fez lindas fotos de nós dois pedalando juntos!

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Aliás, as fotos do Egon são ma-ra-vi-lho-sas!!! De profissional! Ele é modesto: “Saio por aí com minha câmera e aproveito as oportunidades…” Como se fosse para qualquer um aquele olhar fotográfico… Se um dia for ao Campo do Zinco não deixe de pedir para ver as belas “proteções de tela” que ele fez.

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Pois é… eu estava amando pedalar naquela chuva! Foi muito gostoso! E a estrada é exatamente como o Egon relatou: “A estrada para o Zinco em dia de sol é ótima! Em dia de chuva é melhor ainda…” Porque a terra ali não vira sabão quando molhada. Ao contrário, ganha uma consistência que faz os pneus se fixarem melhor ao solo. Ajuda a não deslizar, tanto na subida quanto na descida. Um dia fresco, o corpo descansado, uma vista maravilhosa, meu Amor ao meu lado e uma estrada de terra firme e segura… Não faltava nadinha!

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Passamos pelo mirante, mas nem pudemos dar a última olhada na linda Cachoeira do Zinco. Estava coberta por névoa. Loga adiante, a vista para o vale, que é fantástica, também estava encoberta. Quando começamos a descer a chuva já foi diminuindo até parar, a neblina ficou lá em cima, no entanto o dia ficou nublado e bem fresquinho até chegarmos a Rodeio.

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Depois de duas longas descidas para chegar à estrada que vai para Rodeio, subimos, subimos, descemos um pouco. Subimos, subimos, descemos… E lá pelas tantas o Eduardo perguntou: “Onde foi que perdemos a alegria que o Egon tanto exaltou???” Eu ri muito e concordei. Gente, não tem dia sem subida nesse percurso. E elas nunca são fáceis! Não acredite em ninguém que diga o contrário!

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De repente, começamos a descer o Morro do Ipiranga, com seu  famoso e temido trecho de 8 km de subida (para quem vinha em nossa direção) e que para nós deveria ser motivo de comemoração!!! Deveria… e foi, até a gente começar a descer. Porque, pensa bem. Uma descida tão longa depois de subir tanto por 4 dias e estar com as pernas arriadas só poderia ser um refrigério! E até acho que é mesmo, mas não em dias como aquele, depois de uma noite de muita chuva. Ao contrário da descida do Zinco, aquele trecho virou lama!

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Cair ali era a coisa mais provável do mundo! Não tinha lugar nem para parar! Descemos muito, muito devagar, mãos no freio todo o tempo, equilibrando-nos e ao mesmo tempo calculando a velocidade para não morrer nos atoleiros (em atoleiro não se deva passar muito devagar nem muito rápido), o coração na boca cada vez que bicicleta rabeava! “Ai, é agora que vou para o chão!” Foi muito engraçada a pergunta do Eduardo quando apareceu um trechinho meio plano e com menos lama e eu avisei que ia parar para descansar:

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“Como é que é??” E eu respondi brava: “Eu estou cansada, uai!” Estava até ofegante! E a mão direita já dormente não obedecia mais o comando para manter o freio acionado. Ele estava cansado também, mas nunca como eu, né!? Não dá para comparar a resistência dele com a minha. Ui, que canseira!

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E chegamos a um trecho da estrada margeado por hortências e estátuas de mais de 50 anjos, que parecem guardar o caminho, e por uma réplica do Cristo Redentor, fazendo um grande contraste com a paisagem ao redor.

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O senhor Paulo Notari que projetou El Picol Paradis, plantou as hortências e fez as estátuas, diz que sempre viveram uma vida muito simples, mas nunca estiveram desanimados. Ele reconhece ser abençoado por Deus e afirma que é o homem mais feliz do mundo.

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A partir dali, a estrada é sombreada pela mata por um longo percurso. O barulho das águas do rio correndo ao lado da estrada proporciona um bem estar enorme!

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– Vinícola San Michele

Logo que chegamos aos arrozais, encontramos a vinícola San Michele e subimos para dar uma olhada. Eu já estava faminta!! Degustar vinhos de estômago vazio poderia atrapalhar o restante do percurso… Por sorte eles vendem queijos tipo grana excelentes!!!

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Deu para experimentar vários vinhos e um espumante muito bom! Sabe como são cicloturistas… Não têm espaço nem pernas para carregar nenhum peso extra. Portanto, pegamos o contato para fazer um pedido por e-mail. Eles entregam em todo o Brasil.

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Chegamos à cidade de Rodeio por volta das 15h, absolutamente mortos de fome e de sede, depois de pedalar 30 km!

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O Rui, da Fazenda Sacramento, nos encontrou lá. O Jean nos atendeu muito bem, matando o nosso calor com uma cerveja ultra-mega-gelada, além de concordar em servir almoço para nós no meio da tarde!

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Pedimos um spaghetti à bolonhesa e fomos surpreendidos por um molho rosé, sem nenhum sinal de carne, que estava excelente! Lembrei da Margarete: “A fome é o melhor tempero…”. Mas, especificações do molha à parte, estava muito bom mesmo!!

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Bicicletas devidamente presas na Ranger do Rui, partimos para Timbó (bem perto dali pela estrada principal). Lá deixamos as bikes para serem revisadas no Lava Bike do Alexandre. Já estávamos decididos a passar duas noites na Fazenda Sacramento, então o plano era buscá-las no dia seguinte e pedalar por ali, sem alforges, num roteiro alternativo sugerido pelo Rui, que é ciclista e conhece bem a região.

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Chegamos à Fazenda Sacramento, um lugar encantador! A mata exuberante, jardins bem feitos e cuidados, algumas opções de trilhas, tudo corrobora para que se viva ali momentos especiais e inesquecíveis.

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Há duas opções de hospedagem. A Casa Centenária que, como diz o próprio nome, foi feita há mais de 100 anos. É uma belíssima construção!

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A Casa Rural foi construída por Rui e Angela para hospedar seus filhos em eventuais visitas. É puro aconchego! Deu vontade de morar nela. Ambas as casas são completas, perfeitamente habitáveis…

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O Rui é um descendente de chineses nascido na África do Sul e a Angela é carioca. Se conheceram e se casaram no Rio de Janeiro. Quando viram que os 5 filhos já estavam criados e independentes, decidiram sair do Rio. Foram à Fortaleza visitar uma filha, lá compraram a Ranger que os acompanha até hoje e saíram em direção ao sul, procurando um lugar especial para viver. Acabaram se apaixonando por Rodeio, onde tiveram a oportunidade de comprar a fazenda e transformá-la em um lugar muito acolhedor. Estão lá há 10 anos.

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Depois de nos instalar na Casa Rural, tomar um belo banho quente e tirar um cochilo prolongado, saímos com o Rui para o Vale das Trutas. Era terça-feira, noite do Festival de Traíras. A Angela nos encontrou lá e tivemos uma ótima e saborosa noite!

–  Vale das Trutas

Especializado em trutas, serve também, todas as terças-feiras, a sequência de tilápias, peixe muito apreciado na região. O Rui e a Angela nos levaram lá na terça, portanto, degustamos tilápias. Valeu! Prepare-se para comer muito, porque a sequência de pratos é interminável e a gente quer experimentar tudo. Estava ótimo! Mas não é nada simples chegar lá. É preciso um GPS ou alguém conheça o caminho.

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Os vários pratos servidos e o vinho estavam muito bons! Avisamos ao Rui que a gente não queria pedalar no dia seguinte, não! Tudo o que queríamos era não ter hora para acordar…

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E fomos dormir novamente embalados por uma chuva refrescante! Amamos aquela cabana!

Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Salmos 91:9-11

Veja mais fotos desse dia: