15 de julho de 2011

Santo Antônio do Pinhal – SP

Por Erika Horst

Pôr do Sol no Pico Agudo

Em 1º de junho de 2011 foi nosso primeiro aniversário de casamento e o Eduardo escolheu Santo Antonio do Pinhal – SP para a comemoração.

Saímos de Brasília no dia 30/05/11, às 5h50. A viagem até Ribeirão Preto foi bem tranquila. A estrada só estava ruim no trecho de Minas Gerais. A rodovia está em obras de duplicação das vias; um perigo!

Paramos em Ribeirão Preto para dormir. Aproveitamos para conhecer a famosa Choperia Pinguim já com 70 anos. Alguns amigos sugeriram que fôssemos à filial do Ribeirão Preto Shopping, mas preferimos conhecer a do centro mesmo, que é a tradicional. Não nos arrependemos. Foi uma noite muito agradável. Fomos atendidos pelo Gaúcho que é garçom lá no Pinguim há 34 anos.

Uma figura inesquecível! E o chopp é bom mesmo! E o lugar é muito interessante.

No dia seguinte saímos de Ribeirão às 6h30 e passamos pela estrada que vai para São Carlos para visitar a Luciana e o Pablo. Foi uma paradinha rápida, bem legal!

Em Campinas, pegamos a saída errada e gastamos um tempão para encontrar um jeito de retornar e entrar na Rodovia Dom Pedro I. Isso acabou atrasando um pouco a viagem. É preciso ter muita atenção nesses trechos porque se der um vacilo você está perdido!

Chegamos a Santo Antonio do Pinhal. Fica na Serra da Mantiqueira, no vale do Sapucaí-Mirim, com uma altitude de 1.080 metros, a 20km de Campos do Jordão. A cidade é muito gostosa, maior que imaginamos, mas ainda assim pequena. No último Censo, sua população era de aproximadamente 6.827 habitantes. Está entre as 15 estâncias climáticas do Estado de São Paulo. É uma região linda!

Ville Sans Souci Chalets

Nos hospedamos na pousada Ville Sans Souci que foi “só nossa” até a sexta-feira. É um lugar lindo, no Bairro Machadinho. Eduardo quis me fazer uma surpresa e escolheu tudo sozinho! Esse meu marido sabe das coisas!

Os proprietários da pousada, Marisa e Luis, receberam-nos muito bem. Eles têm um bom gosto primoroso que vai aos mínimos detalhes.

Os jardins são belíssimos e muito bem cuidados. Quase tudo foi plantado pelo Luis. Ele nos conta a história de várias árvores hoje gigantes; nos deliciamos com a beleza de tudo.

Os chalés são muito novos, cheirosos, acolhedores, decorados com muito charme. Toda a pousada é muito aconchegante.

O café da manhã preparado pela Marisa e por sua auxiliar, a Milene é delicioso! Que pão de queijo! E os Bolinhos Sans Souci?! Divinos! São croquetes de frango com milho. A receita foi elaborada lá na pousada e foi inspirada no bolinho de carne famoso na região. E não dá pra esquecer o bolo de milho e o pastelzinho de carne, ambos da Milene. Ela é um doce de garota.

Gostamos tanto que ficamos mais dois dias além do que planejamos. Só trouxemos lembranças boas.

Dava vontade de ficar só na ali no chalé, curtindo o clima fresco, a vista da montanha, a lareira, o jardim… Porém demos umas voltas por lá e tivemos a oportunidade de conhecer alguns lugares muito legais na região:

Estação Eugênio Lefrève

A Estação Eugênio Lefrève foi inaugurada em 1919. Hoje, o trem vai de Pindamonhangaba para Campos do Jordão e vice-versa. Santo Antonio do Pinhal fica no caminho. No entanto, durante a semana, não é possível pegar o trem ali, a menos que haja vagas. Resultado: visitamos a estação, comemos um bom bolinho de bacalhau do Danilo, no Bolinho e Cia., fizemos compras no Empório da Serra que tem coisinhas de casa muito lindas, além de produtos de apicultura, geléias, etc, por um bom preço (comparando aos preços de Brasília). Não deu pra aproveitar um bucólico passeio de trem…

Ecco Parque – Jardim dos Pinhais

 

O Ecco Parque é um parque lindo localizado em uma montanha bem íngreme. Tem vários jardins temáticos muito bem cuidados e disponibiliza a prática da tiroleza. Quando vimos até onde deveríamos subir, fiquei assustada, pois não estou na minha melhor forma. O rapaz que nos atendeu explicou que o parque tinha sido projetado pelo proprietário de modo a permitir que sua mãe pudesse percorrer com facilidade os jardins. “Ela está hoje com 90 anos… e faz o percurso tranquilamente”, afirmou o rapaz.

Então, tá! Fiquei mais calma… e foi realmente muito fácil, até porque é impossível ter pressa ao passear pelos jardins montanhês, japonês, italiano, desértico, canadense, das bolhas, dos beija-flores e tropical.

As paisagens vão mudando sem dar aviso, numa bela e delimitada integração. Passamos o dia por lá. A Bia conheceu o Sheik que ficou apaixonado por ela e correram livres e loucos. À noite, ela parecia dopada de tão cansada!

Pico Agudo

O Pico Agudo fica próximo à cidade e permite uma visão encantadora de 360° desde o Vale do Paraíba até a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí. Com 1.700 m de altitude, é muito procurado para a prática de paraglider e vôo livre.

 O Eduardo ficou todo animado para saltar de paraglider, mas essa é mais uma atividade que funciona somente nos finais de semana. Ufa!! Ouvimos dizer que é comum os bikers malucos praticantes de down hill descerem lá de cima… Chegamos lá por volta de 16h30 e o sol já estava se pondo. Não estávamos preparados para aquele frio, mas ficamos lá curtindo a vista um tempão! Foi bem relaxante.

Jardins de Barro

Jardins de Barro é o atelier da ceramista Cynthia Duarte. Foi ela quem teve a idéia de criar o Caminho das Artes que reúne os principais artesãos da região. Juntos organizam feiras, bazares, divulgam a arte uns dos outros. Seu trabalho é belo, delicado! São peças decorativas e também utilitárias. Os comedouros para pássaros enfeitam o jardim. Ela é uma graça de pessoa. Escolhemos algumas lanternas que ainda não estavam prontas. Ela conseguiu terminá-las pra nós em um curto espaço de tempo. Ficamos muito agradecidos! Nossa casa ficou linda! Ela também me prometeu fazer pratos bem lindos para os meus bonsais. Vou mandar as medidas!!

Atelier Eduardo Miguel Pardo

O Atelier de Eduardo Miguel foi uma experiência surpreendente. Ele foi radialista. Percebe-se pela voz. Faz trabalhos muito interessantes e belíssimos com madeira. Desde móveis a anéis, enfeites de mesa e parede, esculturas, tábuas para carne ou queijo, beija-flores que parecem voar.

Nada é comum. Tudo é feito somente por encaixes, sem cola, sem parafusos ou pregos. Perguntei a respeito de uma cadeira em que misturou ferro com madeira. Ele contou que, certa ocasião, fazendo pesca submarina, bateu a testa num objeto (a testa dele é funda até hoje). Para que ninguém mais se machucasse, decidiu retirá-lo do fundo do mar. Era um cárter de automóvel. Pronto, virou uma cadeira inusitada! E com história.

Eduardo Miguel sente a peça de madeira antes de iniciar sua arte. Aproveita nuances, segue por onde ela manda. Eventualmente, tira de um bloco comum, uma figura criada por ele mesmo. É um artista com várias facetas. Mas, elogiando seu trabalho, ele modestamente diz: Não sou artista; sou jardineiro. A gente sorri sem entender; ele mostra a propriedade. Os jardins são lindos! A mata foi remodelada por ele. Diz que quando comprou o lugar, só tinha a mata da Serra da Mantiqueira. Construiu sua casa e foi organizando a mata. Eu que estava atrás de uma muda de Pinheiro do Brejo, árvore comum na região, encontrei lá. Comprei dele algumas mudas para minhas experiências com bonsai: duas mudas de Pinheiro do Brejo, que ninguém por ali tinha e que dizem ser muito difícil de fazer; uma muda da Árvore da Fortuna, presente em todas as casas de japoneses, pois eles acreditam que ela traz felicidade; uma muda de mini romã. Eu falei pra ele da minha admiração pela gardênia, mas que não havia encontrado uma que pudesse levar. Ele tinha. Mas não estava em vasos, estava plantada no jardim. Então ele a retirou da terra e a colocou num vaso. Explicou que essa ele não vendia. Foi um presente pra mim!! Senti-me muito honrada por ele achar que eu o mereci.

Bem, voltando ao artista/jardineiro, ele contou que começou a mexer com a madeira por causa do jardim. Quando podava árvores, não tinha coragem de as queimar. Então começou a aproveitar a madeira de poda para fazer as coisinhas que faz hoje… impressionante! Um dom é algo que vem de dentro, é algo divino! Não adianta querer aprender.

Outra coisa que ele faz é uma pinga de pêra que nos ofereceu para degustar. Saborosíssima! Também não vende. Só faz para deleite pessoal e dos amigos. A Tina, sua esposa, é famosa por suas tortas de maçã que serve nas tardes dos finais de semana. Infelizmente, nossa visita foi pela manhã. Ficamos só com água na boca. Compramos algumas coisinhas muito lindas e fomos embora maravilhados com o quanto foi agradável conhecer um pouco do universo de um artista tão sensível!

Bicho Feliz

Eu sou um bichinho feliz!

Bicho Feliz é um pet shop, banho e tosa, clínica médica e hotel da veterinária Tatiana. Fica na casa dela. A Bia, nossa lhasa apso, estava com um incômodo estranho ao fazer xixi. Além disso, precisava de um bom banho. Os bichinhos que vivem lá, uns sete, oito cães e um gato, o Veludo, são bem cuidados e felizes. Ao chegar, a Bia foi logo perseguida pela Preta Gil, uma cadela linda, ainda um bebê, que adora cães de pêlo longo. Ela ficava puxando o rabo dela. E ao se livrar da Preta, dentro da recepção/loja, foi novamente perseguida pelo Veludo, o gato… essa foi incrível! Logo ela que não para de perseguir a Marie, nossa gata, em casa. O gato amou a Bia e corria atrás dela pra brincar com a guia que estava solta no chão. A Bia olhava pra ele e fugia desesperada. Foi engraçado! A Tatiana examinou a Bia com bastante critério e ela se recusou a medicá-la, pois apostou que era apenas o estresse da viagem. Ela mora lá. A Bia fez amizades e ficou freguesa do lugar. Lá ela relaxava e conseguia ir ao banheiro!! Alguns lugares que visitamos não aceitavam animais e, nessas ocasiões, aproveitamos o carinho da Tatiana e dos seus bichinhos que cuidaram da Bia para nós.

Cachoeira do Lageado

A Cachoeira do Lageado é muito bem cuidada. Não havia ninguém além de nós por lá nesse dia, e tudo estava limpo e organizado.

Passamos lá um tempão, porque encontramos ali muita tranquilidade! O clima estava ameno, o barulho da água e do vento nas árvores, além dos barulhos de aves e bichinhos por todos os cantos. Encontramos uma trilha bem legal e demos uma bela volta por lá.

A Bia amou!! Correu tanto, explorou cada plantinha, cheirou todos os cantos!!

Casa da Mata

Casa da Mata é uma chácara bem interessante que produz shitake. Fica numa montanha linda e pra chegar lá em cima… ufa! O casal Andrea e Yuri cuidam da produção e ainda oferecem artesanato, conservas de pimentas, frutas e shitake seco, em conserva, como antepasto, além de servirem bolos, cafés, chás e sucos.

A Andréa nos mostrou como é produzido o shitake. Olha, não é muito fácil, não. É preciso muito cuidado, dedicação para ter um produto de qualidade, para não ter prejuízo, pois é uma produção muito sensível!

Trouxemos para Brasília um antepasto de shitake e servimos em uma das pizzas na nossa noite de degustação de vinhos espanhóis. Fez um grande sucesso. O antepasto estava perfeito! Muito saboroso!

Cerâmica Dejulis

O Luis, proprietário da pousada Sans Souci, é também ceramista. No lugar mais alto da propriedade da pousada, ele construiu o seu atelier, Cerâmica Dejulis.

Ele conta do seu trabalho com a cerâmica, mostra o torno elétrico e o forno, explica técnicas e fala das suas expectativas futuras. O atelier é um lugar tão agradável, com uma vista tão exuberante, que saímos de lá com vontade de fazer um curso de cerâmica e construir um atelier igualzinho…

Infelizmente, não é tão simples assim… Essa dádiva não é pra qualquer um. A gente vai ter que inventar outra coisa. Ficamos maravilhados com uma técnica muito interessante que o Luis criou e chama de “ceramigami”. Ele faz peças de origami em papel pardo e depois dá nelas um banho de cerâmica. Fica show!!

Não havia nenhuma peça pronta para que trouxéssemos como lembrança. Mas fiz o Luis me prometer um “ceramigami” e, claro, um vaso para meus bonsais. Veja mais no site: www.dejulis.com.br

A Bodega

Quase não deu pra conhecer a Bodega, cachaçaria artesanal, que fica bem pertinho da Pousada Sans Souci. Passamos por lá rapidamente no domingo, prontos pra pegar a estrada. O Eduardo ficou aguado de vontade de provar as cachaças artesanais de tudo quanto é sabor… e eu… quase viajo embriagada porque, antes das 11h da manhã, umas por minha vontade e outras a pedido do Du, fiz a degustação praticamente completa!! Bem, como eu não ia dirigir… Trouxemos algumas garrafas de maracujá, canela com mel e cambuci. O lugar é lindo. Vale também a visita para quem não aprecia uma cachaça; há pôneis, jardins, a própria fábrica. Excelente despedida da região.

Mas é só isso? E a gastronomia, e o resto?

Sorveteria Eisland fechada…

Santo Antonio do Pinhal tem muito mais, é claro!

Tem as flores, os aromas, as pessoas que conhecemos.

Tem as plantas típicas da Serra da Mantiqueira que me fizeram trazer o carro cheinho de mudas. Veja na página Bonsai. O Eduardo disse que agora só viaja comigo de Smart Car…

Tem trutas, sorvete artesanal da Fazenda Eisland, vários haras que disponibilizam passeios a cavalo, a Queijaria Capralemão que faz queijo de cabra e cerveja artesanal, além de patês, etc.; e tem os chocolates, alfajores e bicoitos Das Senhoritas… Muitos desses lugares só abrem em finais de semana e aí não deu pra conhecer tudo. Por isso, fica a vontade de voltar. Quanto à gastronomia, fiz outro post somente falando dos restaurantes que conhecemos  e gostamos na região e também do pesqueiro de trutas que, além de restaurante, é um lugar de visitação. Clique aqui para ler. É de dar água na boca!