27 de agosto de 2013

Roma – A cidade e a bicicleta

Por Erika Horst

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Terceiro dia em Roma

Na estação do metrô, compramos o Roma Pass. É um cartão que dá direito a entrada em 3 atrações e desconto da quarta atração em diante, com a incrível vantagem de não ter que enfrentar fila. Além disso, dá passagens ilimitadas em transportes públicos.

Já usufruindo do nosso Roma Pass, pegamos o metrô na Piazza di Spagna para o bairro Pigneto, fora do centro, onde fica a BBike Tomorrow, loja de bicicletas.

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Descemos na estação Re di Roma, que era a mais “próxima” da loja, e seguimos a pé por 3,4 km. Se a gente tivesse seguido o Google Maps, como o Eduardo queria, teríamos andado somente 2km. Mas eu cismei de achar um ‘caminho “melhor”. Se foi melhor eu não sei… só sei que andamos (bem) mais. De qualquer forma, adorei o caminho!

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Foi muito bom caminhar por ruas mais vazias dos bairros residenciais que ficam longe das massas de turistas. As fontes de água fresca, comuns em Roma, também estavam espalhadas por lá. A nossa garrafa estava sempre abastecida, mas beber direto da fonte é uma delícia!

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Passamos por belos prédios antigos e casas, muitas com jardineiras floridas nas janelas.

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Ao chegar à loja, o Robert, com quem eu havia me comunicado por e-mail, recebeu-nos muito bem. Acertamos os detalhes da Brompton que eu encomendara e que chegaria em alguns dias.

Olhando a loucura do trânsito, confesso que fiquei meio temerosa de andar de bicicleta em Roma. Não havia muitas ciclovias nos lugares por onde passamos. Na verdade, eu sabia que elas existiam, mas não tinha visto nenhuma. Ainda assim resolvemos arriscar, conscientes de que deveríamos ter muito cuidado. Então alugamos duas bicicletas. A elétrica, com sistema de pedal assistido, ficou comigo, é claro!

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Pela primeira vez o Eduardo não teve que ficar me esperando… Eu gostei muito dessa história de pedal assistido. Então aconteceu que uma das vezes que eu cheguei primeiro ao topo de uma ladeira e fiquei esperando o Eduardo subir, ralando para me encontrar, morto e suado, comentando o calor, o cansaço, eu percebi que não estava sentindo nada!!!! Nem sombra de cansaço ou suor, até porque a gente já tinha pegado bastante chuva. Foi aí que me apaixonei pelo pedal assistido e pedi ao pessoal da BBike Tomorrow para instalar o Nano Eletric na minha Brompton.

Foi muito bom passear de bicicleta por Roma. Vimos muito mais coisas e conhecemos lugares incomuns para turistas. Eu gosto muito disso. Ver o comum é muito bom, claro! Mas conhecer o escondido, a vida da cidade como ela é, para mim é maravilhoso! E não tivemos nenhum problema no trânsito. Os motoristas foram cautelosos, aguardavam a gente passar ou estarmos seguros para nos ultrapassar, não tiravam finos, não buzinavam e não reclamavam.

Ainda fomos aos Jardins da Villa Borghese, o segundo maior parque de Roma.

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É um grande jardim no estilo Inglês que fica na colina Pinciana. Amamos  passear por lá. É um lugar tranquilo, fresco, muito bonito. É lá que fica a famosa Galleria Borghese, um museu que abriga esculturas e pinturas de Gian Lorenzo Bernini, Caravaggio, Leonardo da Vinci, Raffaello, Rubens, Tiziano, etc. Um espetáculo!

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É preciso agendar o horário da visita por telefone. A Zaiga, do B&B, fez isso por nós. No entanto, chegando lá, é preciso enfrentar fila de qualquer maneira para pegar o ingresso; a fila do Roma Pass é a mesma de quem comprou o ingresso por outras fontes e o calor no subsolo onde ficam os guichês é insuportável!

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Chegamos então ao Pincio, com sua bela vista da cidade. Descemos para a Piazza del Popolo e seguimos por outras bandas, loucos por um gelato.

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Depois pegamos a Via del Corso e fomos ao Monumento a Vítor Emanuel II da Itália, na Piazza Venezia. Incrível a beleza e a grandiosidade do monumento!

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Já à noite, seguimos pedalando sem destino até chegar à Área Sacra Largo di Torre Argentina.

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A zona da Torre Argentina deveria ser demolida, em 1927, para reconstrução parcial de Roma. Durante os trabalhos foram encontradas as ruínas de quatro templos romanos que remontam ao século 4 e 3 aC., das Termas de Agrippa, e do Teatro de Pompeu. Então a área ficou preservada e foi chamada Área Sacra. Hoje é local onde mora uma infinidade de gatinhos.

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A noite estava muito agradável e aproveitamos para conversar um pouco e planejar a continuação do nosso passeio.

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Então de lá atravessamos a ponte Garibaldi e entramos no Trastevere, o bairro boêmio de Roma. Ruas repletas de gente, lojinhas, bares e restaurantes charmosos. Àquela hora estava quase impossível pedalar no meio de tanta gente.

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Nós havíamos planejado jantar no Marco G, super recomendado, o nº 93 de 6861 restaurantes em Roma, segundo a classificação do TripAdvisor. Só que as bicicletas precisavam ficar sob as nossas vistas e as mesas externas desse restaurante estavam lotadas. Então encontramos um lugarzinho na varanda do restaurante Ai Bozzi. Foi ótimo! A pizza deles estava fantástica!

Site da foto: www.triportreats.com

Depois do jantar, mais uma volta pelo Trastevere. A gente já estava capotando de sono, mas o pessoal lá (muita gente) parecia estar com energia para virar a noite. Os boêmios…

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Descemos para a margem do Tevere, onde havia muitas barracas de coisinhas e restaurantes. O Eduardo experimentou um chapéu novamente… Desistiu. Não me lembro o preço, mas era caro demais para um chapéu de palha tão pequeno. Estamos ficando mais racionais para gastar, pelo menos em alguns dias. Em outros dias a gente nem perguntaria o preço do chapéu; levaríamos e pronto. Mas com a cotação do euro a R$ 3,30…

Enfim, ali às margens do Tevere, finalmente encontramos uma ciclovia! Aparentemente, ela segue por toda a margem do rio. Decidimos voltar ao hotel por ela. Só que logo acabou a muvuca de barraquinhas e a ciclovia ficou completamente deserta e meio escura em alguns pontos.

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Meio ressabiados, seguimos em frente. Volta e meia cruzávamos com alguma alma. Lá pelas tantas, o Eduardo desviou de algo que eu pensei ser uma sacola plástica voando cheia de ar. Passei observando e lá na frente caiu a minha ficha e eu falei pra ele: “Amor, aquilo é um chapéu!” Ele logo mandou eu deixar o chapéu lá. Imagina se eu ia deixar o chapéu lá, sem nem dar uma olhadinha nele… Voltei e descobri que não era apenas um, mas dois chapéus de palha ainda com as etiquetas, do jeitinho que a gente queria comprar. Imagino que caíram das barraquinhas lá de cima, aquelas que vimos quando fomos ao Vaticano. Só que naquela hora não havia ninguém lá para reclamar a posse deles, então decidimos que eram nossos!

Quando a iluminação ficou fraca pra valer, subimos a escadaria para seguir pelo Lungotevere por cima. Passamos em frente ao Castelo Sant’Angelo, que iluminado estava ainda mais exuberante. Em seguinda, veio a Corte di Cassazione e eu, distraída admirando tudo, errei a subida de um meio-fio baixinho e despenquei no chão… O engraçado foi que eu nem senti o tombo. Foi muito natural, um tombo macio! ‘Talvez’ pela garrafa do ótimo vinho que havíamos tomado durante o jantar… No outro dia foi que dei conta do cotovelo  ralado. Nada demais. Eu e a bicicleta ficamos bem.

Liberdade é como saborear um passeio de bicicleta sem precisar apostar corrida com ninguém. Apenas pedalar. No nosso ritmo.

Ana Jácomo

 Veja mais fotos desse dia: