6 de março de 2013

Estrada Real – Tiradentes

Por Erika Horst

28/09/2009

De Ouro Preto até Tiradentes tivemos um trecho lindo até Ouro Branco (MG-443). No entanto, foi uma viagem cansativa. A estrada muito ruim, cheia de curvas, parecia nunca ter sido pavimentada. Na BR-383 piorou, porque o trecho asfaltado também não estava bem conservado e tinha muito movimento de carros e caminhões.

  

 

Foi uma canseira! Chegamos a Tiradentes à noitinha. Relaxamos um pouco no Hotel  Solar da Ponte, tomando o espumante que nos aguardava gelado com frutas. Era o aniversário do Eduardo! E saímos para jantar no Viradas do Largo, um restaurante participante da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança.

Fizemos o caminho até o restaurante a pé, apreciando a calmaria da cidade e na volta, fazendo a digestão, porque foi uma comilança!

O prato da Boa Lembrança se chamava “Póvim cumê qui tá bão”. E tava bão mesmo!

 Ficamos impressionados com o tamanho dos pés de couve da horta do restaurante!

No dia seguinte, pegamos uma charrete e fomos conhecer a cidade.

Chafariz de São José de Botas

O Chafariz de São José, uma obra barroca, é considerado um dos mais bonitos do Brasil, foi construído em 1749 e recebeu esse nome em homenagem ao padroeiro dos bandeirantes e dos desbravadores, São José de Botas. Há um oratório no centro com a imagem do santo. Logo acima, o brasão com as armas da coroa portuguesa e no topo uma cruz esculpida em pedra.

A água do chafariz vem por um aqueduto de pedra construído pelos escravos da época, que filtra a água que nasce em uma fonte localizada no Bosque Mãe D’Água, próximo dali.

O condutor da charrete contou que essa fonte abastecia a cidade. A água potável que saia das bocas das carrancas de pedra centrais servia para consumo humano da população e dos viajantes e ainda funciona. Segundo ele, cada carranca representava um desejo e que as moças escolhiam a fonte de acordo com seu desejo. Não consigo me lembrar quais eram. Quando voltar lá, vou perguntar sobre essa história. Reza outra lenda de viajantes que bebendo daquelas águas a pessoa voltaria a Tiradentes.

O chafariz tem também dois tanques laterais: num deles era lavada toda a roupa do povo; no outro a água servia ao consumo dos animais e dos escravos. Ambos estão desativados.

Igreja Matriz de Santo Antonio em Tiradentes

 

Fica no alto de uma colina e pode ser vista, imponente, de diversas partes da cidade. Lá de cima pode-se vislumbrar toda a região.  Sua construção demorou 42 anos (1710-1752)

Quem vê a sua fachada desenhada por Aleijadinho já fica maravilhado. Mas o interior dessa igreja, considerada a segunda igreja mais rica do Brasil, é de uma impressionante beleza! Estima-se que foi utilizado ali algo em torno de meia tonelada de ouro doado pelos mineradores do ciclo do ouro. O órgão de tubos que veio de Portugal em 1785 é algo grandioso! Nas noites de sexta-feira, há a apresentação de um conserto pago: “Concertos ao Órgão”. Não assistimos, pois fomos embora na quinta-feira, mas dizem que é inesquecível!

Desde 1785, há no átrio da igreja um relógio solar feito em pedra sabão –  uns dizem que por artesãos locais. Mas há que atribua a obra a Leandro Gonçalves Chaves. É lindo! O nosso guia, condutor da charrete, explicou que o relógio tem duas faces que indicam o horário conforme a posição do Sol no verão ou no inverno.

 
Largo das Forras e Largo das Mercês

A Ponte das Forras é uma bela ponte de pedra sob o Ribeiro de Santo Antônio. Ela liga o Largo das Largo das Mercês ao Largo das Forras. “Forras” é uma provável referência às escravas alforriadas que moravam por ali na época colonial.

O Largo das Forras teve parte do seu casario transformado em pousadas, restaurantes e lojas muito charmosos. É de Roberto Burle Marx o seu último projeto urbanístico. Muito agradável, ali se encontram moradores e visitantes. Dali saem as charretes levando turistas para conhecer a cidade pelas ruas de pé-de-moleque. Impossível não se encantar.

No Largo das Mercês, ali no pé da Ponte das Forras, fica o Hotel Solar da Ponte, onde nos hospedamos. Ficamos em hotéis e pousadas muito bons nesta viagem. No entanto, sem sombra de dúvida, o Solar da Ponte foi a melhor experiência que tivemos. Amamos cada detalhe da decoração e conforto do quarto e das áreas comuns, os jardins muito bem cuidados, os pátios, o salão onde é servido o café, o serviço de mesa todo em estanho, impecável, o café da manhã delicioso, servido com tanto cuidado, os atendentes muito bem uniformizados! Puro charme!

 Por todos os cantos, não importa o lado da ponte: lojas de artesanato, doces caseiros, artigos em estanho. Uma loucura pra quem gosta do estilo mineiro de ser!

 

Bichinho

Bichinho é um povoado próximo a Tiradentes. Os moradores locais descobriram na arte a fonte de sua subsistência. Hoje é passagem obrigatória para quem viaja pela região. São inúmeras oficinas de artesanato, movéis de demolição, alambiques, lojas de doces, ateliers. As ruas são de calçamento do tipo pé-de-moleque; as casas são antigas, muito simples, porém graciosas, bem cuidadas. Adoramos!