3 de janeiro de 2013

Estrada Real – Diamantina

Por Erika Horst

23/09/2009

Dormimos muuiito antes de sair de Curvelo!! A chuva da noite ajudou a refrescar o clima que estava bem mais agradável que o do dia anterior. Que estrada gostosa de Curvelo à Diamantina!  Nem foi preciso me amarrar! Vim acordada, filmando parte do caminho. Estava até friozinho! Os aromas da estrada são simplesmente encantadores (até quando são odores…). Nossa viagem começava, de fato, nesse trecho. Antes de chegar em Diamantina já encontramos placas fazendo referência à região da Estrada Real.

Fizemos 127 km em 2 horas. Chegamos a Diamantina animados. Que graça de cidade! Hospedamo-nos na Pousada do Garimpo. Gostamos muito! Foi indicação do caderninho da minha amiga Luciana. Depois escolhemos almoçar no Apocalipse, um restaurante self-service com comida mineira, claro! Bom demais! E fomos dormir, porque choveu forte a tarde toda!

As ruas da cidade são de pedra, muito bonitas e também muito irregulares! Trafegar ali numa moto do tamanho da Varadero era correr risco demais. Acrescente-se a isso o fato de a pousada ficar bem longe do centro. Então chamamos um táxi para ir jantar, porque também não dava para ir a pé.

O Sr. João, o taxista, nos levou, ao “melhor restaurante da cidade” (na opinião dele mesmo!), a Cantina do Marinho. “Na Estrada Real, o melhor bacalhau!”,  dizia o cartão de visita. E o Lourival nos atendeu muito bem.

Bem, o bolinho de bacalhau estava uma delícia e o vinho argentino, Trivento/Shiraz-Malbec também! De fundo, ótima trilha musical (segundo o Eduardo, Richard Clayderman – My Brazilian Collection, vol. 3… Uau!). E mais ao fundo, ouvia-se o ensaio da centenária Banda Euterpe Diamantinense que é aberto ao público no Beco do Mota. O Lourival disse que ela toca em todos os eventos da cidade. Para terminar o relato do jantar, digo que o Bacalhau à Gomes de Sá foi o melhor que já comi! No final da viagem saberíamos se era o “melhor” mesmo, mas a gente esqueceu de fazer essa avaliação… De qualquer forma, acho que foi o único bacalhau que comemos na Estrada Real.

Dali saímos a pé para procurar uma opção de hospedagem melhor localizada para nossa situação de pedestres. Difícil! No fim de semana aconteceria a Vesperata e a cidade já estava enchendo. Não havia vagas! Então fomos procurar outro táxi  para retornar à pousada. Cadê os táxis? Não tinha mais… E ainda era cedo! Umas 22h? Então decidimos ir a pé… tudo bem, a não ser pelo fato de não sabermos o caminho de volta e de não ter mais nenhuma alma na rua para nos dar informações… daí, de repente o Sr. João, o taxista que nos deixou na Cantina do Marinho, apareceu indo pra casa e nos levou de volta!!! Ufa!

24/09/2009

Acordamos lá pelas 9h e fomos ao Passadiço da Glória de táxi, pois era bem longe. De lá descemos a pé, conhecendo a cidade.

Uma das mais importantes referências de Diamantina, o passadiço da Glória é encantador. Foi construído por volta 1878 para ligar as casas que funcionavam como educandário e orfanato, dirigidos pelas Irmãs da Ordem de São Vicente de Paula. O objetivo era permitir que os alunos fossem e voltassem do orfanato para o educandário sem a necessidade de atravessar a rua e entrar em contato com o mundo exterior. Isso já foi motivo de grande polêmica na época, conforme relatou o guia do lugar.

De lá descemos a pé para ir conhecendo a cidade. No caminho nos deparamos com o Hotel Tijuco e achamos que tinha uma arquitetura que destoava da cidade. Era a cara do Oscar Niemeyer.

Subimos para conhecer. Foi mesmo projetado por Oscar Niemeyer. Todos os móveis eram do tempo da construção de Brasília. Estar ali era o mesmo que estar nos apartamentos antigos de Brasília, muito familiares para nós. Lá havia vagas! E como era bem central, daria para passear a pé por quase toda a cidade. Trocamos de hotel.

Fomos almoçar no Recanto do Antônio. O Rafael nos atendeu muito bem. Comemos a receita do Chef Antônio para o “Brasil Sabor”: Serenada ao Alho: carne de sol, arroz com brócolis e queijo. Excelente! Tomamos a cerveja Backer Pilsen de Olhos d’Água, na Serra do Curral; bem leve, uma delícia! Prometemos voltar para a noite de música ao vivo e provar a Backer Brown, com aroma de chocolate.

Dormimos um pouquinho pra não perder o costume e depois continuamos nosso turismo. Vimos igrejas, a Praça JK, tiramos muitas fotos, passeamos por lojas de artesanato.

Conhecemos a Ana, uma portuguesa muito bonita e falante, dona da franquia “Mãos de Minas”. Conversamos a beça! Ela disse que a gente tem que conhecer a Ilha da Madeira, em Portugal. Eu quero ir!

Continuamos andando até pararmos na Rua da Quitanda para tomar um caldo. Foi um caldo ruim mesmo! Mas a cerveja estava boa, a rua estava  bem animada e o anoitecer muito agradável.

De volta ao Hotel do Tijuco, tomamos um banho, mas enrolamos bastante para sair. Que canseira! Íamos jantar no Restaurante “O Garimpeiro”, que fica na Pousada do Garimpo. Lá, o Vandeca, um renomado chef da culinária mineira, comandava a cozinha. Só esquecemos que os horários em Diamantina não são os de Brasília. Chegamos lá às 22h45 e já estava fechado. Fomos então ao Grupiara. Comemos um lombo com tutu de feijão que estava uma delícia! Mas foi uma pena perder o Vandeca.

Planejamos passar dois dias em Diamantina, porém ficamos tentados a ficar até o domingo, pois na noite de sexta-feira haveria uma Seresta e na noite de sábado, a famosa Vesperata que ocorre em dois sábados mensais entre os meses de março e outubro, quando quase não há chuvas. É um concerto, promovido pelas bandas da cidade. Ao anoitecer, os músicos se apresentam nas sacadas dos casarões coloniais da Rua da Quitanda. Ali há vários bares e restaurantes com mesas ao ar livre onde o público assiste ao eclético repertório de boleros, marchas, MPB, sambas e sonatas. A cidade fica cheia. Vem gente de todo canto do Brasil para esse evento. Decidimos ficar.

Mas depois, revendo nosso roteiro, concluímos que não teríamos tempo para outros lugares que planejamos conhecer. Arrumamos as malas para sair no dia seguinte.

25/09/2009

Visitamos a casa de Juscelino Kubitschek, de Chica da Silva e o Mercado Velho. É impressionante como as ladeiras são íngremes. Para chegar à casa do JK foi um “upa”. Não entendo como a D. Júlia, mãe do Juscelino, subia aquela ladeira todos os dias já com a idade bem avançada… Mas olhe em volta. Não há pessoas obesas na cidade. Pudera!

 

 

 A casa é muito graciosa! Gostamos muito.

A casa da Chica da Silva estava fechada para visitação. Só a conhecemos por fora…

O Mercado Velho, local onde os tropeiros paravam para descansar, fazer refeições, tem uma arquitetura bem interessante. Hoje abriga festas e apresentações feitas por escolas durante a semana e, aos sábados, a feira de produtos típicos e artesanato feito pelos artistas regionais. Festas e shows da cidade também acontecem ali. Nas  serestas de sexta-feira, os músicos e corais típicos da cidade cantam suas composições  pelas ruas para todo morador e visitante apreciar. Os seresteiros iniciam  as apresentações na Praça JK, como homenagem ao Presidente amante das serestas, finalizando no Mercado Velho onde uma feira chamada “Sexta Nossa” aguarda os participantes com boa música e gastronomia típica. Também perdemos esse evento…

Vamos ter que voltar em outra ocasião, exclusivamente para Diamantina. Há muita coisa pra ver. Precisaremos de mais tempo e melhor planejamento. Em alguns lugares tudo acontece entre sexta e domingo.

Baús prontos, moto equipada, bateu fome. Afinal, andamos um bocado! Almoçamos no Restaurante Casa Velha e fomos conhecer o “Caminho dos Escravos”, um dos pontos turísticos da cidade, que foi usado como passagem entre as minas de diamante, as fazendas e o “Arraial do Tijuco”, como era chamada a cidade até 1831.

Interessante, mas só pudemos ver de longe. Estranho que um lugar de visitação turística não tenha um local para estacionamento. Fica numa curva na beira da estrada! Deve haver outro recurso para chegar lá. Enfim, paramos adiante, fizemos umas fotos (linda vista de Diamantina) e pegamos a estrada novamente rumo a Ouro Preto, pelo Caminho dos Diamantes.